segunda-feira, fevereiro 21, 2005

O rescaldo eleitoral

Ontem deu-se a queda no abismo total dos partidos da direita. Na esquerda um conseguiu a maioria absoluta e os outros 2 reforçaram o seu papel a nível representativo na Assembleia da República. Contudo deve-se salientar que nestas eleições houve um grande vitorioso e não foi o PS, nem o Eng. José Sócrates, foi o presidente da República, pois demonstrou a todos aqueles que o criticaram que tinha razão, pois uma grande maioria da população portuguesa, que foi votar, deu-lhe razão ao virar totalmente o mapa político nacional. Se ele não tivesse razão os membros do governo que estavam lá teriam ficado, mas que ninguém tenha a menor duvida.

Por vezes há pessoas que por mero clubismo pensam que os que lá estavam bem e que deveriam continuar, ficou demonstrado que assim não era, pois o país está mal, muito mal e não existia estabilidade nem confiança politica. Algumas pessoas que lá estavam, e digo algumas, eram incompetentes e sem a mínima visão económica e social. Por tudo isso o país afundou-se num mar de pessimismo, desânimo social e depressão económica. Mas é totalmente verdade que mais uma vitória por mérito e propostas da esquerda e do PS foi totalmente uma derrota por demérito da direita.

Devo salientar ainda dizer que para além da grande derrota dos partidos da direita tivemos a derrota da abstenção, mas para mim não foi uma grande derrotada, penso que poderia ser bastante mais, ficaria contente se a abstenção não tivesse ficado muito acima dos 20%, como assim não foi digamos que foi apenas uma pequena vitoria.

Ainda devo dizer que fiquei “pasmado” com o discurso do Dr. Paulo Portas, pois vi um homem com as lágrimas nos olhos como se tivesse sido apanhado de surpresa por este resultado. Será que ele estava convencido mesmo que tinha uma boa imagem perante os portugueses e que iria ultrapassar os 10%? Se assim é, só posso dizer que esta pessoa singular da política portuguesa, vive num mundo totalmente diferente, num mundo surrealista, pois por todo país era criticado, as sondagens mostravam que tinha descido bastante (que até nem foi tanto assim no final) e por todo país existiram “manifestações” de descontentamento ao longo do mandato, sobretudo quando se via empresas a encerrar e centenas de pessoas ficarem desempregadas.

Agora no lado dos partidos vitoriosos, aconteceu algo que não é, nem nunca foi muito do meu agrado, uma maioria absoluta, apesar de concordar que para a estabilidade politica é necessário que tal aconteça, mas pode tornar-se perigoso, isto porque tal como já referi num post anterior os políticos em Portugal estão desprovidos de qualidade e de firmeza, apesar de mudar de partidos no poder, pouco se muda a nível de partido, quem lá esteve volta a estar. Isso aconteceu com quem agora abandona o governo, e apesar de ainda não se saber o que vai acontecer é bastante provável que possa acontecer, uma vez que na direcção do partido está lá quem já lá esteve antes.

Para o Governo funcionar deveriam ser escolhidos para os principais postos não “pessoas politicas”, ou seja pessoas que estão afectas aos partidos, mas pessoas das diferentes áreas (justiça, saúde, economia e finanças, educação, etc.) que realmente demonstrem brilhantes pratica naquilo em que trabalham, mas que tenham um grande conhecimento prático e não só teórico. Penso que o facto de grande parte dos ministros, e principais políticos serem de áreas como o direito só prejudica o país, porque tem bons conhecimentos teóricos, mas poucos da prática e dos mecanismos reais de funcionamento. Também não concordo com a inclusão de académicos nas pastas praticas (e falo isto tendo amigos académicos, mas sem querer ofende-los), acho que são pessoas bastante inteligentes, mas não vão muito além da teoria, não conhecem o funcionamento prático, e falo isto porque tenho conhecimento de causa e vejo que assim é, e principalmente porque a maioria dos académicos quanto mais velhos são e mais conhecimentos tem mais inflexíveis são o que é negativo. Assim o meu medo é que isso venha a acontecer com o novo governo.

É preciso lembrar também que os partidos pequenos que subiram em relação às anteriores eleições legislativas não vão ter grande hipótese de se mostrar, pois a maioria absoluta é isso mesmo, os pequenos ouvem e mais nada…Embora seja curioso como um partido como o Bloco de Esquerda, considerado como um partido de esquerda radical tenha subido de tal forma, mas deve-se ao facto de o seu líder apesar de ser uma pessoa de ideias radicais, e que em caso de ter o poder ser perigoso tem também algumas muito boas ideias ao nível do economista brilhante que é.

Ainda assim, mantenho e repito novamente, não acredito nesta classe politica portuguesa e apesar de não me atrever a fazer previsões sobre o impacto da actuação do novo Governo, não acredito que vá mudar muita coisa, e que toda conjectura nacional se altere nos próximos tempos, mas mais para frente farei uma análise a isto. Gostaria de aqui a uns tempos dizer que hoje estava enganado.

Bom, a verdade é que gostava de ver comentários a isto, mas acho que de pois de tão longo testamento não vão haver grandes comentários.

1 comentário:

Maria do Rosário Sousa Fardilha disse...

Um comentário apenas para dizer que partilho esatas reflexões e o sentimento. Levantai hoje de novo o esplendor de Portugal...! (mas não sejamos tão optimistas, não há milagres!)