quarta-feira, janeiro 15, 2014

Emoções

Emoções, todos as sentimos, todos as vivemos, ainda que cada um à sua maneira, pois varia consoante o temperamento, a personalidade e até a motivação de cada pessoa. As emoções são as que nos levam a rir, chorar, comer, abraçar, correr e saltar, enfim são as que nos impulsionam no dia-a-dia, mas ao mesmo tempo todas as nossas acções e ou estímulos exteriores fazem com que se gerem em nós novas emoções, demonstrando assim que as emoções e as acções estão interligadas e existem em ciclo, uns dependem dos outros assim como uns influenciam os outros.

No campo das relações interpessoais as emoções têm um papel preponderante, são as emoções que nos dão uma perspectiva sobre as pessoas, numa primeira fase serão as emoções intuitivas, em que a intuição joga um papel fundamental nos primeiros contactos, no entanto as sensações que vamos obtendo conforme vamos conhecendo as pessoas e relacionando-nos com elas convertem as emoções em emoções cognitivas, e na realidade estas serão muito mais validas que as emoções intuitivas, obviamente teremos amigos e pessoas que desde o primeiro momento gostamos ou não apenas pela nossa intuição e assim se manterá, mas também muitas vezes com o conviver e dia a dia as emoções cognitivas mostram-nos perspectivas diferentes das pessoas ou então e, se calhar em muitos casos,  mais importante realçam e aumentam as primeiras emoções.

Durante a o desenvolver das relações todos os dias (para não dizer a todas as horas, ou mesmo a todos os segundos) vão-se vivendo emoções cada vez mais fortes, e essas emoções são as que fazem querer ter as outras pessoas perto de nós. Quando estamos perante um verdadeiro amigo sentimos confiança, confiança nessa pessoa mas também em nós, sentimos que podemos partilhar e que essa pessoa faz parte da tua vida porque quer, porque sente as mesmas emoções, e não porque espera algo em troca, não se faz algo à espera de gratidão, mas porque vamos ajudar alguém que é importante para nós e só por si as emoções sentidas nisso são tremendamente gratificantes. Isso é sem duvida a verdadeira amizade, saber que podes contar com o Amigo apenas pelo amor-amigo (peço desculpa pela utilização deste termo utilizado, por uma pessoa que me inspirou, num seu artigo). 

No entanto as emoções mais fortes são as vividas em dois tipos de relações, uma e a primeira e que se dá a nascença é a relação paterno-filial, em que Pais e Filhos têm laços que os unirão para o resto da vida (ou assim deveria ser partindo do suposto que todos são humanos e com sentimentos humanos), o primeiro colo que um pai/mãe dá aos seus filhos é indescritivelmente um momento cheio de emoções e que ninguém poderá roubar ou destruir, e desde aí ao longo da vida nessa relação serão vividas emoções que levarão ao desenvolvimento social dessas pessoas de uma forma madura, não só aos filhos mas também aos pais, pois apesar de os pais terem que ensinar muito aos filhos os pais também aprendem muito com os filhos. O outro tipo de relação em que são vivenciadas emoções muito fortes são as relações de casal, para alguns podem ser fortes num primeiro instante para outros será ao longo do desenvolvimento da relação, com isto não quer dizer que uma seja mais intensa que outra, apenas que se inicia de maneira diferente. Essas emoções fortes vividas num casal são sem dúvida as que fazem com que esse casal queira ter projectos em conjunto, desenvolver uma vida juntos e caminhar de mãos dadas. A emoção mais forte entre um casal sem dúvida é a paixão, e essa não se pode fingir, sente-se, vive-se e não é uma forma diferente de amar, é sim uma parte do Amor.

Com o tempo as relações vão crescendo evoluindo, e algumas emoções transformam-se, mas é uma transformação evolutiva que tal como o homem evolui os seus sentimentos e emoções também o fazem, e isso não significa que se deixou de amar, ou que foi de inicio acabou, ou que até nunca existiu, nada disso, apenas o tempo com as vicissitudes da vida e porque a memória de cada pessoa não tem um registo infinito fez esconder no baú das recordações nem nos lembramos do que sentimos, daquelas emoções e sensações que te motivavam cada dia e que eram tremendamente intensas e fortes e que te faziam lutar a cada dia por essa relação. Significa isso que não se poderá voltar a sentir essas emoções? Claro que não, cada relação deve ser trabalhada dia a dia para que se mantenha ao longo da vida, e numa relação de casal isso está muito mais patente e se “for trabalhada no sentido de trazer o melhor para ambos de uma forma que seja agradável para ambos e que respeite a individualidade de cada um…meus amigos, não só o amor se transforma naquelas pilhas que eram publicitadas e se dizia duravam e duravam e duravam, como até a paixão volta em todo seu esplendor.” (Pratas, Sónia, 2013:137).

Isto quer dizer que mesmo que por vezes os casais se esqueçam do que viveram, das emoções que sentiram, mas estiverem decididos a trabalhar e conjunto por si poderão voltar a viver emoções tremendamente fortes e intensas, que podem não ser as mesmas mas serão sem dúvida da mesma consistência, ou talvez ainda mais consistente pois nasce “da felicidade que sentimos por termos alguém a nosso lado mas continuarmos a ser nós próprios e a viver novos desafios, canalizando todo nosso amor e todo nosso desejo que ainda sobra de todas as nossas atividades direitinho para aquela pessoa” (Pratas, Sónia, 2013:137).

Obviamente ao longo das relações haverá momentos em que acontecimentos como sejam as brigas, o stress profissional, frustrações que a própria vida da sociedade nos vai provocando, ou até mesmo acontecimentos que têm a ver apenas com uma das pessoas mas que mexe e influencia negativamente nessa pessoa coloca em causa tudo isso, mas cabe a cada um reflexionar e tentar chegar ao seu eu interior que fez viver tudo que se referiu atrás, avaliar e ver que se antes foi feliz e estabeleceu essa relação será importante trabalhar e lutar por que isso volte e em vez de guardar no baú da memória o bom que vivemos, devemos guardar no baú o que nos aflige e ter bem presente as recordações positivas e que nos transmitem felicidade. Tudo isto pode parecer redundante e repetitivo mas não o é, ou pelo menos não dessa maneira, é repetitivo porque o ciclo das relações é repetitivo, tem altos e baixos, e cabe-nos a nós aproveitar os altos e alimenta-los e nos baixos trabalhar para regressar aos altos e isso aplica-se a todas as relações, não apenas as de casal, a todas. Devemos derrubar os obstáculos que nos bloqueiam quando estamos em baixo e nos distanciam, e levantar o forte que une as pessoas e que as aproxime.

Vive as emoções em cada dia, desfruta-as, as emoções que vives hoje amanha não serão iguais, por isso desfruta cada momento, pensa num dia de cada vez, tentar viver emoções do passado pode ser frustrante por não conseguir e tentar saber as emoções de amanha pode ser uma desilusão, por isso o verdadeiramente importante é o que sente hoje e as emoções que vives hoje. Sê feliz com o que tens, e não infeliz pelo que te falta, ao fim e ao cabo se não o tens e és capaz de viver se calhar não te falta de verdade.

Bibliografia:

Pratas, Sónia, (2013). Aquilo que faltava saber sobre o amor. Chiado Editora

1 comentário:

Diamantino Bártolo disse...

Felicito-o pelo magnífico artigo sobre as Emoções. Por vezes é muito difícil controlar ou evitar este tipo de reações humanas. Claro que todos nós somos sensíveis, emocionamo-nos com mais ou menos intensidade, com maior ou menor visibilidade, mas esta faculdade que nos é inata, não deveremos ter vergonha de a exteriorizar, afinal, quem é que não se emociona. Grandes figuras mundiais, em notáveis em todos os setores de atividade humana, não tiveram qualquer vergonha em se exporem emocionalmente. Veja-se o exemplo mais recente do melhor jogador do mundo, o nosso Ronaldo que, perante centenas de milhões de telespectadores, chorou de emoção pelo prémio justo que lhe foi atribuído. Chorar, emocionar-se e manifestar sentimentos nobres, não são sinais de fraqueza, pelo contrário, revelam uma dignidade de caráter e uma humildade singular que só engrandece tais pessoas. Parabéns pela sua reflexão.
A propósito, pode consultar a minha reflexão: “Quando um Homem Chora” no site: http://www.webartigos.com/articles/57523/1/Quando-um-Homem-Chora/pagina1.html